Um dos tratamentos mais utilizados para sintomas relacionados com doenças como Doença de Parkinson, Distonia, Tremor e Epilepsia, entre outras é a Estimulação Cerebral Profunda. Consiste em um procedimento cirúrgico onde são implantados um ou mais eletrodos em regiões específicas do encéfalo, conectados a um gerador (bateria, como um marcapasso, chamado de neuroestimulador). Muitas das cirurgias são realizadas com o paciente acordado, e durante o procedimento de implante, o paciente é examinado e re-examinado, com estimulações transitórias antes do implante definitivo dos eletrodos, otimizando o efeito clínico.
Após as técnicas de lesões ablativas em núcleos cerebrais específicos muito utilizadas no passado para tratamento de diversas doenças neurológicas e psiquiátricas, descobriu-se que a estimulação desses núcleos poderia gerar o mesmo efeito, com a vantagem de ser algo reversível. Esse é o princípio da neuromodulação, onde o funcionamento do sistema nervoso pode ser alterado de maneira reversível, sem que seja realizada uma lesão permanente.
Essa técnica de neuromodulação de núcleos cerebrais profundos foi possível graças a avanços na tecnologia, com criação de geradores de pulso implantáveis, com baterias de longa duração ou recarregáveis e ainda sofisticação de exames de imagem e eletroneurofisiologia, com possibilidade de microrregistro de unidades neuronais com padrões de disparo típicos para cada núcleo.
Assim, a precisão de implante torna-se milimétrica, com a técnica de estereotaxia com fusão de imagens, associada a microrregistro cerebral. É possível posicionar com precisão eletródio dentro de um núcleo milimétrico, como é o caso do Núcleo Subtalâmico, principal alvo para o tratamento dos sintomas da Doença de Parkinson.
As principais doenças tratadas com implante de estimulação cerebral profunda hoje são:
1) Doença de Parkinson
2) Tremor Essencial
3) Distonia
4) Outras doenças: como Transtorno Obcessivo-Compulsivo, Dor Crônica, Epilepsia, Depressão, Alzheimer, Sd. de Tourrette, Paralisia Cerebral Hipercinética, Estado de Consciência Mínima, alguns tipos de dores de cabeça, entre outros; muitos, ainda em caráter experimental.
O ajuste da programação de estimulação após implante pode ser algo bem complexo para otimização do tratamento. É sugerido que o implante seja realizado por médico com experiência tanto no implante cirúrgico, como na programação pós-operatória. O seguimento pós-operatório é obrigatório e frequente, já que pequenos ajustes podem ser necessários. Pequenas mudanças nos parâmetros de estimulação podem gerar grandes mudanças no resultado clínico.
É importante salientar que a cirurgia de estimulação cerebral profunda trata sintomas das doenças e não as doenças em si. Ou seja: um paciente com Doença de Parkinson que for tratado com estimulação cerebral profunda não está sendo curado de sua doença e tampouco a postergando ou diminuindo sua progressão. Está apenas tratando sintomas gerados por ela, como diminuição do tremor, aumento da amplitude de movimentos, melhora da marcha, entre outros ganhos.
A cirurgia não dispensa o tratamento da doença de base, que geralmente é realizado por equipe multidisciplinar, com médicos neurologistas, fisiatras, psiquiatras, neurocirurgiões funcionais, geriatras e/ou clínicos gerais. Além da equipe médica, os demais profissionais da saúde podem ter papel fundamental no tratamento, como a equipe de enfermagem, fisioterapia (especializada), terapia ocupacional, fonoterapia, psicólogas e educadores físicos.
A CENNDOR apresenta uma equipe especializada neste tratamento, composto por Neurologistas e Neurocirurgiões com formação em centros como Hospital das Clínicas da USP, Santa Casa de Misericordia de São Paulo, Hospital Sirio Libanês e Hospital do Coração.